Com o avanço da tecnologia, muitas ferramentas estão sendo utilizadas para melhorar os cuidados e o acesso à saúde. No Brasil, um país com grandes distâncias geográficas e barreiras socioeconômicas, o atendimento médico, muitas vezes, é difícil de ser alcançado. Por causa dessa realidade, ações de telessaúde têm aumentado.
O que é telessaúde?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a telessaúde envolve o uso de telecomunicação e tecnologia virtual para fornecer atendimento de saúde de forma remota e fora dos serviços de saúde tradicionais. Com a telessaúde, um paciente que mora em uma zona rural pode conseguir conselhos médicos de um especialista que fica em um local distante.
O National Institute of Biomedical Imaging and Bioengineering afirma que esse conceito tornou-se uma valiosa ferramenta para melhorar a saúde, já que envolve diversas áreas: comunicação, ciência da computação, informática e tecnologias médicas.
A telessaúde inclui áreas específicas, como telemedicina, teleconsultoria, telediagnóstico e tele-educação. Segundo a especialista da área e autora do livro “Telessaúde no Brasil – conceitos e aplicações”, Angélica Baptista Silva, trata-se de uma nova maneira de pensar os processos de saúde, quebrando a barreira da distância.
Como funciona a telessaúde no Brasil?
No início de fevereiro de 2019, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou uma nova resolução que regulamenta os atendimentos online em telemedicina no Brasil. Até então, a legislação só permitia a troca de informações pela telessaúde entre médicos para consultoria.
Cerca de dez estados já possuem atendimentos de telessaúde no SUS, segundo o Ministério da Saúde. As ações fazem parte do programa Telessaúde, que começou em 2007. Mas com a nova medida do CFM, o atendimento remoto deve aumentar no país.
A nova resolução no 2.227/18 sobre telemedicina deve entrar em vigor a partir de maio de 2019. Ela diz que agora os médicos brasileiros poderão realizar consultas online, assim como telecirurgia e telediagnóstico, entre outras formas de atendimento médico a distância.
Confira algumas considerações do CFM sobre a assistência a distância:
Teleconsulta
Esta é a consulta médica remota, mediada por tecnologias, com médico e paciente localizados em diferentes espaços geográficos. A nova resolução considera que a primeira consulta deve ser presencial, mas em comunidades geograficamente remotas pode ser virtual, desde que seja acompanhado por um profissional de saúde.
O CFM também recomenda a realização de ao menos uma consulta presencial a cada quatro meses quando os atendimentos forem longos ou de doenças crônicas. Em caso de prescrição médica a distância, é necessário que ela tenha identificação do médico, com nome, número do registro no CRM e endereço, além de identificação e dados do paciente, data, hora e assinatura digital do médico.
Telediagnóstico
A emissão de laudo ou parecer de exames, por meio de gráficos, imagens e dados enviados pela internet deve ser realizada por médico com Registro de Qualificação de Especialista na área relacionada ao procedimento.
Telecirurgia
Mediada por tecnologias interativas seguras, a telecirurgia só poderá ser feita em ambientes com infraestrutura adequada. Além de um cirurgião remoto, é necessário um cirurgião no local para acompanhar o procedimento.
A resolução ainda prevê teleconsultoria, telemonitoramento, teleorientação, teletriagem e regras para garantir a segurança da informação. Em outros países, como os Estados Unidos, já era permitido o atendimento remoto entre médico e paciente. O país tem estados que regulamentam a teleconsulta sem restrições. Já outros têm restrições exigindo ao menos uma consulta presencial.
Para o conselheiro federal Aldemir Soares, relator da medida no Brasil, uma das diferenças entre a regulamentação brasileira e a dos Estados Unidos ou da União Europeia é a rigidez com a segurança das informações.
Telepsicologia no Brasil
Sob o mesmo ponto de vista, em 2018, uma exceção já havia sido aberta para a telepsicologia. Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) permite a terapia online no Brasil. Desta forma, o objetivo é ampliar o acesso a serviços de saúde mental. A nova norma entrou em vigor em novembro de 2018 com algumas regras pré-estabelecidas.
Como a telemedicina pode ajudar?
Em muitos casos, o que mais falta é a informação. Ao poder tirar dúvidas com um especialista, um médico de família de uma região mais isolada consegue tratar melhor o paciente. Com o sistema de telessaúde e telemedicina, grandes e pequenos municípios se beneficiam. Isso porque reduz a demanda dos serviços presenciais e também ajuda a levar orientações médicas para quem não tem acesso.
“Além de levar saúde de qualidade a cidades do interior do Brasil, que nem sempre conseguem atrair médicos, a telemedicina também beneficia grandes centros, pois reduz o estrangulamento no sistema convencional causado pela grande demanda, ocasionada pela migração de pacientes em busca de tratamento”, destacou o CFM.
Os médicos não são obrigados a usar a telemedicina e podem indicar a consulta presencial sempre que julgarem necessário. Nesse cenário, uma pesquisa recente mostra que muitos médicos do estado de São Paulo apoiam a relação com pacientes por meio da tecnologia.
A análise realizada pelo Global Summit Telemedicine & Digital Health e a Associação Paulista Medicina aponta que 85,02% aprovam o uso do Whatsapp e outros aplicativos de mensagem instantânea no relacionamento com seus pacientes.
Segundo a pesquisa, são favoráveis à realização de consultas a distância 57,90% dos médicos. E quando o tema é prescrição, as opiniões ficam bem divididas: 49,17% não veem problemas, mas 50,83% sim. Hoje, 84,67% dos médicos dizem que usam ferramentas de TI para observação dos pacientes e para otimizar o tempo da consulta.
Proxis e o atendimento remoto na área da saúde
Paralelamente, algumas empresas do setor de saúde já acompanham o tratamento do paciente e ajudam na prevenção de doenças. A Proxis acompanha a distância tratamentos prescritos por médicos, lembrando os pacientes, por exemplo, de tomar sua medicação e ter hábitos saudáveis.
Jimmy Cygler, CEO da Proxis, deu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo sobre o assunto. “Com a explosão dos canais digitais e remotos e com explosão dos aparelhos eletrônicos e a vinda do 5G, conseguimos dar um suporte em tempo real para o ribeirinho do Amazonas, por celular”, afirmou Cygler.
Com acesso à informação, é possível acompanhar a jornada de pacientes e ajudar a população a cuidar da saúde. O desenvolvimento das ferramentas de telecomunicações e o consumo acelerado de tecnologias móveis apontam para grandes inovações na área da saúde.
Este texto foi publicado em dezembro de 2018 e atualizado em fevereiro de 2019.